Primeira pele / Louise Belmonte

Primeira pele é uma narrativa sobre a relação de espelhamento — tempestuosa e mobilizadora — entre mulheres de diferentes gerações. O romance é narrado por Ela, jovem que vive uma situação a  um só tempo urgente e aprisionadora: a mãe está em um coma decorrente de um AVC, num hospital de Porto Alegre, cidade onde a protagonista passou infância e juventude. Ela mora agora em outra cidade, mas volta ao Sul para acompanhar a rotina hospitalar monótona e angustiante.
Ela vive a relação com a mãe nessa contradição de uma presença ausente. A situação a faz relembrar momentos decisivos de quando era menina, e a imagem fascinante e repressora de uma mãe preocupada com o padrão de beleza da filha, mas reticente com a realidade psíquica de ambas. 
Ela terá de se haver com uma descoberta imprevista sobre o próprio corpo que a fará mobilizar afetos do seu presente e de um passado que retorna. Ao mesmo passo em que volta à cidade de sua juventude, reencontrando amigos, antigos colegas e fantasmas do passado, Ela precisa decidir o que fazer com o seu corpo em transformação, com a sua saúde mental, com as lembranças e com um futuro cada vez mais dependente de suas próprias mãos e desejos. 
A escrita de Louise Belmonte combina a experimentação e elegância, com momentos de prosa poética e o uso inusitados dos diálogos, que abandonam as marcações consagradas.
O romance é um relato sobre o sofrimento duradouro causado pela submissão aos padrões estéticos consagrados, sobre a investigação da sexualidade, da bissexualidade, da paixão e do que chamamos de amor.